ATAQUES CONTRA BISPO E PADRES DE GUAJARÁ-MIRIM
EM SÃO FRANCISCO DO GUAPORÉ - RO
O povo católico de São Francisco do Guaporé ficou revoltado pelos ataques e calúnias contra seu Bispo, Dom Geraldo Verdier, contra um padre de sua diocese, Padre Josep Iborra Plans (Pe. Zézinho) e contra o CIMI (Conselho Indigenista Missionário), por parte de políticos do Município de São Francisco e por um Deputado Estadual de Rondônia.
A Audiência Pública, convocada pela Câmara dos Vereadores, aconteceu no dia 7 de novembro de 2009, na Linha 6 de Porto Murtinho, na Escola Polo Pereira e Cáceres, com a presença de 150 pessoas. O Senador Valdir Raupp e a Deputada Marinha Raupp estiveram presentes numa parte da audiência. Foi depois da saída deles que o ambiente se tornou de uma violência intolerável, chegando até à instigação do povo para a efusão de sangue! Vamos aos fatos.
1. Ausência do Bispo na Audiência
O Senhor Prefeito de S. Francisco do Guaporé, Sr Jairo Borges Faria chamou a atenção do Bispo Guajará-Mirim de modo inconveniente : “Cadê a Igreja? Cadê o bispo? Eu quero o bispo aqui explicando para a gente o que realmente está acontecendo, porque eles querem tomar nossas terras! Porque o Bispo não veio a esta audiência?
- Senhor Prefeito, em 31 anos de administração diocesana, jamais falhei a um compromisso assumido. Jamais fugi de uma situação de crise, de violência, de injustiça atingindo meus diocesanos. Se não estive presente em São Francisco (1.000 km de Guajará), é simplesmente pelo fato que o Presidente da Câmara não me informou, nem me convidou por internet, telefone ou fax, nem por intermédio do Pe da Paróquia, Pe Francisco Trilla.
Quanto à grave acusação : “Estes padres não gostam de quem planta na terra, eles querem que a gente passe fome, se humilhe na fila do sopão, que a gente fique mendigando e passando necessidade”, estas palavras demostram que Va Excia não conhece a atuação dos padres, das Irmãs e dos leigos voluntários da Igreja Católica nesta região, desde 1932.
A Igreja mantém obras sociais e promocionais como o HOSPITAL BOM PASTOR (45 anos) e a Escola Profissionalizante “CENTRO DESPERTAR” (20 anos) em Guajará-Mirim, para 500 alunos, e agora está formando 1.000 operários, a pedido da Firma “Camargo Correia”, para a Barragem de Jirau. A diocese construiu, ainda em Guajará-Mirim, uma bela e espaçosa casa para os anciãos, a CASA SÃO VICENTE DE PAULO. Além do mais, criou em Costa Marques, há quarenta anos, um JARDIM DE INFÂNCIA, “BEIJA FLOR”, que forma 350 crianças, a maioria de famílias carentes. Em termos de promoção social, o padre Zezinho espalhou dezenas de placas solares para os ribeirinhos e colonos do Vale do Guaporé, e por iniciativa dele um grupo de 26 agricultores das paróquias desta região, dois deles das Linhas de Porto Murtinho, são beneficiadas por um projeto de agroecologia, e a Igreja Católica tem financiado a construção dos dormitórios da Escola Família Agrícola (EFA) de São Fancisco do Guaporé.. Temos ainda um escritório para a documentação dos Bolivianos no Brasil e uma equipe que financia telhados para os carentes, construindo sua primeira casa.
E quando Va Excia fala de “humilhar-se na fila do sopão”, lembro que aqui, em S. Francisco do Guaporé, o Irmão José Maria Sala atende no seu sopão, há quase 7 anos, com recursos próprios e do povo generoso desta cidade, 2 vezes por semana, 30 famílias carentes! Sopão que, infelizmente, poderá ser fechado por falta de ajuda suficiente, pois recebe apenas 400 RS mensais de vossa administração municipal.
2. Graves acusações do deputado Estadual Lebrão
O senhor José Eurípides Clemente (deputado Lebrão) foi mais contundente ainda em suas ofensas e acusações. Isto me choca tanto mais, este que sempre me manifestou respeito e atenção. Nesta Audiência Pública ele passou dos limites.
O primeiro ataque frontal foi contra os estrangeiros: “Não sei por que têm tantos estrangeiros aqui nessa região? Eles são todos espiões! Querem explorar nossas riquezas”.
Deputado, todos entenderam que Va Excia se referia ao bispo e aos padres Claretianos da região. Dizer que “são todos espiões” é uma calúnia e uma injustiça que ofendem toda a Igreja Católica!
Enquanto ao número de estrangeiros, quero salientar o seguinte: Pe José Roca, Irmão José Maria, Pe Zézinho e eu mesmo somos naturalizados brasileiros. Uma vez aposentado, pretendo deixar meus ossos na beira do Guaporé, nesta terra e no meio deste povo que amo e que me manifesta tanto carinho. Para tranquilizá-lo, informo que os três quartos de meus padres são brasileiros natos!
Nem acreditei quando li no relato da Audiência esta afirmação que muito me chocou: “Basta olhar para os meninos de olhos azuis correndo por ai e perguntar de quem são filhos?”. Esta infeliz ironia machucou o povo católico que conhece a dignidade de vida de nossos padres e sua dedicação.
Enfim a declaração mais grave: “Vocês, moradores, precisam defender suas terras com unhas e dentes, nem que corra sangue na canela!”. Deputado, esta incitação à violência dá a impressão que regredimos num tempo em que a Amazônia era uma terra sem lei! O que não é o caso, o senhor bem sabe!
Tudo isso me deixou estarrecido! Passamos agora à posição da Igreja no conflito entre colonos e índios, que motivou a Audiência Pública: .
Sabemos que anos atrás, ali no Limoeiro e no Rio Mané Correia , tinha índios e foram expulsos de suas terras. A história nos diz isso e os documentos o comprovam.
Sabemos que muitos posseiros, vieram de outros lugares à procura de um pedaço de terra para o sustento de suas famílias, sem saber se ali seria área indígena ou não. Muitos morreram com malária e outras doenças. Outros não suportaram o sofrimento e foram embora. Mas muitos resistiram às doenças, estradas ruins, dificuldades financeiras e etc. E hoje, essas pessoas se encontram com a grande preocupação de perderem suas terras.
A igreja, nem o CIMI, tem poder de decidir se as terras voltam para os índios ou se ficam com os posseiros. Isto é privilégio e dever dos orgãos governamentais, que só respondem pela demarcação de terras.
Portanto, a Igreja e o CIMI não respondem pela demarcação de terras, como alguns dizem ou pensam. A Igreja, porém, não pode ficar fora da luta. Ela sempre está e estará ao lado dos mais injustiçados e sofridos.
Nós, Bispo, Padres, Irmãs, missionários leigos, brasileiros e estrangeiros não possuímos nenhumas terras aqui. Somos simplesmente enviados em missão de evangelizar e de lutar por um mundo mais justo.
O Padre Zezinho, o mais criticado, tem visitado as comunidades dos ribeirinhos e ajudado naquilo que ele pode. Não existe nenhum político que tenha feito um trabalho a favor deste povo ribeirinho (saúde, reconhecimento das comunidades quilombolas e placas solares) como o padre Zezinho, povo esse, que muitas vezes fica abandonado pelos políticos.
Nós como Igreja, vamos continuar fazendo a nossa parte. Por isso, diante dos fatos ocorridos, declaramos que:
• Os Índios Puruborá têm o direito de recuperar uma parte das terras que lhes tiraram; e os Índios Miguelenos têm o direito de voltar à área do Limoeiro que eles reivindicam.
• Nenhum pequeno produtor que conseguiu sua terra com esforço e dignidade, perca esta terra ou seja prejudicado.
• As autoridades responsáveis pela demarcação de terras agilizem esta demarcação, para que todos, índios e colonos, tenham paz e possam viver como irmãos.
• Qualquer pessoa, antes de acusar a Igreja, procure conhecer o trabalho que ela realiza com amor e justiça há décadas!
Dito isto, vamos continuar, com serenidade e confiança em Deus, o nosso trabalho de evangelização e lutar, sem ódio, mas com firmeza, por um mundo de justiça, solidariedade e paz.
São Francisco do Guaporé, 20 de novembro de 2009
Dom Geraldo Verdier
Bispo de Guajará-Mirim
domingo, 22 de novembro de 2009
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Reforma do barco Dom Roberto
O dia 20 de setembro um forte temporal de chuva e vento pegou de lado e tombou o barco da Pastoral Fluvial, que estava varado na praia de Curralinho, durante o Festival de Praia de Costa Marques.
Ninguém estava no interior do "Dom Roberto" e graças a Deus ninguém se feriu. Não foi difícil ergue-lo de novo naquele lugar, quase raso, porém as autoridades da Marinha de Guajará Mirim, que estávam fiscalizando o evento, apreenderam o barco e exigiram em praço de noventa dias apresentação de "laudo técnico quanto a estabilidadse da embarcação".
O único engenheiro técnico naval habilitado de Rondônia é o senhor Eleazar Ramos Gálvez, de Porto Velho, que pediu 1.500,00 $R para realizar o laudo técnico exigido pela Marinha e dictaminou a necessidade de reformar o barco, desmachando todas as cabinas do segundo andar, a exeção da cabina de pilotagem, autorizando em contrapartida a fechar o andar inferior.
O construtor do barco, Jeová Marcolino da Silva, está realizando esta reforma, para a qual foi necessário compra de chapa galvanizada, madeira, tinta e materiais diversos, com elevado custo para a Pastoral Fluvial. Estes custos estão sendo calculados na faixa de 5.630,00 $R.
Estamos confiantes que o barco possa estar funcionando e liberado para as celebrações natalinas nas comunidades do Rio Guaporé. O prejuiço econômico será grande, porém esperamos que esta reforma aumente as condições de segurança na navegação, a fim de que no trabalho missionário da Pastoral Fluvial ninguém venha a sofrer nenhum acidente.
Daqui fazemos um chamado a quem quiser ajudar contribuindo nas despesas, entrando em contato com a diocese de Guajará Mirim a través deste blog ou do site: www.dgm.org.br. Obrigados. Pe. Josep Iborra.
Ninguém estava no interior do "Dom Roberto" e graças a Deus ninguém se feriu. Não foi difícil ergue-lo de novo naquele lugar, quase raso, porém as autoridades da Marinha de Guajará Mirim, que estávam fiscalizando o evento, apreenderam o barco e exigiram em praço de noventa dias apresentação de "laudo técnico quanto a estabilidadse da embarcação".
O único engenheiro técnico naval habilitado de Rondônia é o senhor Eleazar Ramos Gálvez, de Porto Velho, que pediu 1.500,00 $R para realizar o laudo técnico exigido pela Marinha e dictaminou a necessidade de reformar o barco, desmachando todas as cabinas do segundo andar, a exeção da cabina de pilotagem, autorizando em contrapartida a fechar o andar inferior.
O construtor do barco, Jeová Marcolino da Silva, está realizando esta reforma, para a qual foi necessário compra de chapa galvanizada, madeira, tinta e materiais diversos, com elevado custo para a Pastoral Fluvial. Estes custos estão sendo calculados na faixa de 5.630,00 $R.
Estamos confiantes que o barco possa estar funcionando e liberado para as celebrações natalinas nas comunidades do Rio Guaporé. O prejuiço econômico será grande, porém esperamos que esta reforma aumente as condições de segurança na navegação, a fim de que no trabalho missionário da Pastoral Fluvial ninguém venha a sofrer nenhum acidente.
Daqui fazemos um chamado a quem quiser ajudar contribuindo nas despesas, entrando em contato com a diocese de Guajará Mirim a través deste blog ou do site: www.dgm.org.br. Obrigados. Pe. Josep Iborra.
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